Aborto: Como a abordagem deste tema reflete no comportamento da sociedade

 Aborto: Como a abordagem deste tema reflete no comportamento da sociedade

*Por Diandra Janaina

Aborto é uma questão que ainda divide muito a sociedade, diante dos enigmas de religião, valores éticos e morais. Será que alguém já parou para analisar como a abordagem deste tema reflete no comportamento da sociedade e na condição de saúde pública do nosso país?

Historicamente, o aborto, abandono ou assassinato dos bebês indesejados sempre foi muito comum em todas as sociedades primitivas, além de ter sido uma cultura praticada durante muito tempo para acobertar e manter imaculada a honra de famílias tradicionais ou nobres.

Atualmente podemos notar inúmeros fatores que motivam o interesse no aborto: iniciação precoce da vida sexual, falta de conhecimento adequado dos programas sociais e de saúde que assistem a mulher e o bebê, e a necessidade em virtude de um estupro.

Uma pesquisa recente realizada pela Agência Patrícia Galvão (divulgada pelo site de notícias G1) demonstra como o perfil da sociedade vem mudando. Nesta, 26% dos entrevistados declaram ser favoráveis; onde as mulheres possam decidir por interromper a gravidez, já na última pesquisa, e com o mesmo perfil de entrevistados este número não passava de 15%.

Foi constatado que quanto maior o nível educacional dos entrevistados maior também o percentual de favoráveis, vejamos: No Brasil, desde 2012, o aborto é legalizado em casos de gravidez provocada por violência sexual, quando a mulher tem algum risco de vida e anencefalia* (é uma má formação rara do tubo neural do feto*). Contudo, no início de novembro a Câmara de Deputados aprovou diante da (PEC) 181 criminalizar todos os casos de aborto no Brasil, inclusive quando for resultante de estupro.

Todavia, sob a ótica das inclinações históricas, religiosas, culturais e econômicas que precisamos avaliar a legalidade do aborto ou não. Ou seja, temos embasamento e somos providos de políticas públicas que assistem a mulher no planejamento familiar, pré-natal, pós-parto, além da primeira infância da criança (rede cegonha, licença maternidade, sistemas de creches e bolsas para famílias de baixa renda, entre outros). Contudo, alegando a ineficácia de alguns destes, ainda assim não podemos justificar o descuido para uma gravidez indesejada, mediante tantos aportes de escolhas. E como estas informações ou a falta delas ainda refletem muito na escolha por abortos ilegais, o que corresponde a uma morte a cada 36 horas no Brasil.

Atentai-vos, pois adotamos muitas vezes características de canonizar a Constituição Brasileira dos direitos individuais e coletivos. A idéia aqui abordada não é você ser a favor ou contra. Mesmo que no seu íntimo você seja contra o aborto, mas a favor do acesso ao aborto seguro, digno, sem que isto seja contraditório. Observar que a sociedade passa por mudanças, e cabe avaliação para cada caso.

E se fosse com você?

*Diandra Janaina Torres Moreira Cezar, nasceu em Salvador – BA, em 02 de fevereiro de 1989. Estudou Enfermagem pela Universidade Estácio de Sá (2011), Pós Graduanda em Enfermagem Dermatológica, Expertise em Palestras pela Repense, Estratégia em Saúde da Família. Atualmente desempenha atividades de assistência de enfermagem, e ministra palestras em empresas e instituições de ensino, visando o compartilhamento da informação sobre os aspectos da saúde.

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